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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Educação desde o berço

Educação desde o berço
Patrícia Costa - 31/01/2008

Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) confirmam: quanto mais cedo a criança entra na escola, mais chances ela tem de se capacitar profissionalmente e de ganhar melhores salários. O que pouca gente sabe é que esse "cedo" inclui a creche e a pré-escola. Estima-se que, em média, cada ano de pré-escola pode acrescentar 6% na remuneração profissional.
O acesso a creches e pré-escolas de qualidade garante, principalmente para crianças de camadas mais pobres da população, uma alimentação mais equilibrada, um ambiente de socialização e um desenvolvimento educacional que pode contribuir para o seu sucesso profissional, no futuro.
Em matéria de oferta de vagas na Educação Infantil (EI), o Brasil ainda engatinha. Existem hoje, segundo o IBGE, mais de 20 milhões de crianças de 0 a 6 anos, mas apenas 7 milhões freqüentam creches e pré-escolas.
A falta histórica de políticas públicas para a EI contribuiu para isso. Só a partir da Constituição de 1988 é que se reconheceu o valor dessa fase educacional. Em 2007, a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) incluiu a EI, o que significa um grande avanço em investimentos na área.

Foco na qualidade do ensino
Em 2006, pelo menos 86% das crianças de 0 a 3 anos não estavam em creches. Na pré-escola, o quadro melhora bastante: cerca de 29 % das crianças de 4 a 6 anos ainda não eram atendidas. Para a professora Sonia Kramer, coordenadora do curso de especialização em EI, do Departamento de Educação da PUC-Rio, o Brasil já melhorou muito o atendimento educacional às crianças pequenas: "Na década de 70, das 23 milhões de crianças que existiam, apenas 3,5% recebiam algum atendimento. Com o Fundeb, pela primeira vez há uma política efetiva de investimentos para esse nível de ensino. Mas é preciso avaliar que escola infantil é essa que queremos." Para ela, não basta garantir o acesso -- até porque freqüentar a creche e a pré-escola não é obrigatório por lei --, é preciso prioritariamente investir na qualificação do professor. "A interação da criança com outras crianças e com educadores bem preparados envolve uma produção cultural que pode trazer possibilidades maiores de aprendizado. Quanto melhor for a qualidade da Educação Infantil, mais efetivo será o desenvolvimento humano da criança", afirma.

Um direito humano
Num país desigual como o Brasil, o acesso à Educação Infantil não é apenas um direito constitucional. Para Sonia, é um direito humano: "Em regiões muito pobres do país, o acesso à creche pode significar, principalmente, uma chance de sobrevivência."
Outro obstáculo que pode explicar a pouca oferta e a baixa freqüência de crianças nas creches é a desinformação: "Muitos pais acham que a criança pode ficar em casa até os 3 anos, que não faz diferença. Mas faz, e muita, quando a creche é de qualidade. É preciso que a sociedade se mobilize e exija dos governos mais atenção para isso. E que não se perca nunca de vista a busca pela qualidade, não só na Educação Infantil, mas em todos os outros níveis de ensino."

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